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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cara Cora Coralina

Quintal de Cora


Visita a cidade de Goiás, casa de Cora Coralina e o busto dela ao fundo na janela de seu quarto.
30-12-2011
Alterado texto em 29-03-2022
Fui visitar minha amiga Cora em sua casa. Ela estava à janela, sorrindo-me. 
O seu rosto marcado pelos sabores do tacho. A alma suavizada pela fervura dos doces.
As mãos firmes pelas palavras escritas sinalizava a certeza de que estava no mundo e sabia, enfim, o seu lugar.
Com poucas palavras disse-me ter tudo de que precisava no mundo e, também, nada. 
Precisava de pouco para viver. Um liquidificador, uma geladeira, um ferro elétrico. Isso era um pouco de tudo. 
Senti seu perfume caseiro pelo correr das águas do Rio Vermelho.
Fiquei ao seu lado vendo o que seus olhos viam.
Vi o tempo passar. No tempo dela.
Vi suas roupas esticadas nos cabides ao lado de sua cama; seus livros enfileirados no livreiro, como bons amigos.
A sua máquina de costura, ainda com a linha a esperar pelos seus dedos ágeis.
Cora tocou-me o coração. Despertou-me lágrimas. 
Em seu quintal, fechei meus olhos e a escutei recitar um de seus poemas.
Minha amiga Aninha, com suas palavras. Com sua meninice.
Profunda, e clara. Sua poesia era sua história, sua vida.
Não distinguia o tempo de menina e o de agora.
Segue vivedo um tempo atemporal.
E eu sigo Aninha, a Cora, na poesia da vida. De minha vida.