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domingo, 30 de março de 2008

Carta ao meu pai

ARTIGO - Carta a meu pai

por Roberta Altino Machado


Colocada no lugar de quem ensina e, antes de sair deste lugar que na verdade não me pertence, quero deixar algumas contribuições a meu pai ao escrever esta carta.

Não que eu ache que ele neste momento da vida precisasse. Mas é que ele enveredou numa aventura de resgate de si mesmo através da paternidade.

Sabe, pai, eu também optei por enveredar por esta aventura de resgatar a mim mesma através da maternidade. Encontrava-me sem chão, sem uma estrutura familiar sólida, fruto de um “fogo que ardia na busca de horizontes mais azuis e conquistas materiais”.

Descobri que trazia tesouros imensos em minha alma, garimpados ao longo de várias vidas, de erros e acertos. Aprofundei-me no estudo da doutrina espírita para dar-me suporte moral e espiritual; busquei o aconchego de minha Vó Aracy para dar-me estrutura emocional. Assim, fui aprendendo algumas lições ao longo do caminho, pensando no que seria bom para meus filhos.

É pai, este aprendizado demandou muita humildade. Êta coisa difícil de se ter. Mais humildade, ainda, precisamos para reconhecer que por mais que tentemos fazer o melhor, assim mesmo, cometemos enganos.

Porém, antes de compartilhar os meus tesouros, quero lhe dizer que te amo muito, não importa as suas falhas no passado. Lembro-lhe que sua primeira família ainda está aberta a recebê-lo, esperando este novo homem com esta nova compreensão de ser pai. Acredito que o propósito seja a fim de resgatarmos os “afetos” e os “desafetos”.

Então, lá vão os meus pequenos, mas valiosos tesouros. Não só a você, meu pai, mas a todos que quiserem se habilitar nesta tarefa de serem pais, não só biologicamente, mas por competência.

Se você se tornou pai ou mãe, não se assuste, respire fundo.

Passe valores como ética, solidariedade, respeito ao próximo.

O exemplo é a melhor forma de se educar alguém. “Faça o que eu faço e questione o que eu digo”.

Estimulem sempre a conquista a novos mundos. — Os filhos nasceram para o mundo, não somos de ninguém, só de DEUS.

Deixem que ele faça suas opções de vida. Afinal, a vida não é dele?

Escutem-no com carinho e respeito. Sempre. Não desdenhem de seus sentimentos.

Incentivem o que há de melhor nele. Façam sempre referências às suas qualidades.

Respeitem suas diferenças. Não as compare com ninguém. Somos UNO.

Não queiram saber mais que ele. “Querer saber mais que o outro é prepotência. Mesmo em relação aos filhos”.

Não tenham medo, portanto, que ele nos supere. Ele está preparando o mundo de amanhã. Quem sabe, quando retornarmos à Terra, em um novo corpo encontraremos um mundo melhor?

Sejamos gentis e educados sempre para com ele.

Quando somos gentis com o próximo nós todos somos beneficiados com uma relação harmoniosa”.

Dizer, às vezes, “não”, é fundamental para criarmos limites e estimular a luta pelo que se quer.

Peçamos desculpas sempre quando errarmos. Não é porque somos colocados na categoria de pais que somos infalíveis.

Permitam-se dividir algumas horas de seu dia com ele a fim de compartilhar experiências, risos, dores ... Eles são nossos companheiros de jornada.

Jamais desistam de seu filho. O pior que ele apronte nesta vida, ainda assim, ele continua a ser nosso filho.

Ensinem-lhe uma religião. Se não somos filhos de chocadeiras, também não somos do “Big Bang” do universo.

Não somos onipotentes. Muitas vezes vamos nos deparar com situações em que nos vemos impotentes para resolver. O que fazer? DEUS.

Jamais joguem “pragas” em seu filho. Desejem-lhe sempre o bem.

Como: “Eu bem que lhe disse”. (Isso porque já previa o mal?).

As desgraças dos pais recaem sobre os filhos”. (Esqueceram que a vida se renova sempre?).

Por fim, e a maior das lições:

Ame-o como a ti mesmo. Se isso não for possível, vamos resgatar o nosso amor próprio.

Eu teria inúmeras lições com as quais aprendi para criar meus filhos maravilhosos que Deus me confiou. Mas cada um deve trilhar seu próprio caminho e descobrir os meios para executar essa tarefa. E tudo nessa vida muda. Amanhã não serei mais o que sou hoje.

Assim, que Deus ilumine os pais, mães e seus filhos.


PQ é Natal... José Altino Machado -meu pai

Porque hoje é Natal

Tempo atrás, em que eu ardia em fogo na busca de horizontes mais azuis e conquistas materiais mais gratificantes, deixei de notar que prejudicava uma afetuosa aproximação para com meus filhos. O tempo que a aventura de vida deixava me era pouco para consolidação de afetos e afagos aos espíritos.

Pai bastante novo, em uma união iniciada logo ao fim da puberdade, jamais pude reparar em coisas mais verdadeiras e que são razão e real sentido de se viver. Nunca pude sequer me convencer que dinheiro de defunto no mais das vezes é a coisa mais incerta, sem dono e incoerente que possa existir. Vez por outra causa surpresas.

Posso me lembrar, entretanto, de que, num período de arranjos em minha casa em Manaus, já solteiro novamente, arranchei-me na de minha filha Roberta. Tão discreto quanto silenciosamente, percebi naquele lar relações humanas entre pais e filhos, para as quais eu não havia nem elaborado a possibilidade de conhecer no passado, que também era da própria Roberta.

Ainda estudante, minha filha, quando perguntada, não fazia nenhum rodeio quanto ao que queria ser no futuro. Dizia ter convicção de que nascera para ser mãe e que essa seria sua carreira. Não foi bem como ela disse querer. Foi além! Fez também um curso superior de pedagogia, tornando-se grande mãezona nos departamentos específicos que dirige em educandários.

Tem três filhos, hoje adultos. Desde bebês, manteve com eles constante diálogo. Jamais arremedou voz de criança em tal comunicação. Mal ainda soubessem diferenciar sons, ou mesmo a conhecendo apenas pelo cheiro, já lhes falava como adultos. Os três andaram com menos de ano e em tempo quase igual falaram. Educados na conivência social, ainda são verdadeiros campeões nas escolas que freqüentam. Na verdade, antes disso, são os melhores diplomas de sucesso que “Boba” pode apresentar, como a grande mãe que é.

Talvez eu não tenha podido lhe ensinar muito, mas com ela aprendi coisas fundamentais para uso na nova oportunidade que Deus me concede de ser pai. Não estou mais nem aí para o que possa parecer loucura, mas converso a exaustão com Duda, seis anos, e no exagero até com Marco Túlio, dez meses. Sequer mudo o português, apenas amacio a voz. Tanto um quanto outro aprenderam a levar minha paciência aos limites e ultrapassá-los, o que nunca imaginei ser possível.

No tempo que corre, Natal é o melhor assunto das crianças, que para os pais nem sempre é muito bom, principalmente quando não ficam baratos. E não adianta tentar mudar o papo, esse é o da vez. E Duda não é nada diferente da grande maioria infanto-juvenil. Adora falar das conseqüências do Natal. O motivo de ser Natal ainda não a alcançou, mas os exemplos deixados por Baltazar, Belquior e Gaspar, para ela, são uma delícia. Criada meio a adultos, alguns solteirões já ficando rabugentos, como tio Ângelo, por quem tem carinhosa queda, já se dispõe a fazer questionamentos, no mínimo bastante precoces.

Há alguns dias, queria saber, que já se sabendo não existir Papai Noel, por que os pais e adultos incentivam essa história e teimam em convencer aos filhos de que ela é verdadeira.

Logo busquei na memória as razões que Roberta traria para aquela situação, nova, em que me encontrava. Admitir que os adultos são costumeiros mentirosos, nem pensar, ela jamais faria isso. Mas, não foi tão difícil... Encontrei jeito e forma de dizer a minha filhinha que Papai Noel existe sim, e que ele era um fabuloso espírito e presente bastante real, que Deus trouxera aos homens, pelo nascimento de seu filho Jesus. Que também ao longo de toda a história humana sua figura tornou-se grande responsável por um período de criação, até universal, do ambiente de possível bondade e serenidade, nas relações e nos difíceis comportamentos humanos. Nós, pais e adultos, talvez tenhamos errado, tão somente na forma folclórica e até comercial, de o apresentar.

Creditamos às sabedorias Divinas que este período aconteça em fim de ano, nos fazendo esquecer das amarguras decorrentes do que se viveu, criamos coragem, exercitamos promessas de paciência para com o próximo e alimentamos esperança de que as coisas sejam melhores, parecendo até um diferente começar de novo.

Uma coisa, porém, é certa, Natal nos dá saudade de todo mundo, e saudade é guardar no peito e vontade de ver de novo. O que sempre tenho de Roberta e dos filhos que estão longe. É possível que Duda não entenda, hoje, mas em pouco tempo encontrará, sozinha, respostas até melhores que as que tenho lhe dado. Principalmente de que, não fora o Natal, é possível, o mundo viesse a se perder afogado nas intolerâncias...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Viva os 44! Ou pode ser um 4.4.
Tem potência, tem sede, total flex para aventuras, movido a muito gás.

Aos 44 me pergunto o que mais tenho para descobrir sobre mim.
Assusto com a possibilidade do infinitamente ser possível eu ser.
Busco o que tenho de concreto, descoberto, exposto e cavo no meu ser o que ainda tenho de latente e potencial.
Como sei que existe? O meu olhar pelo mundo, pelo interior das pessoas, pelo arredor. Ele me denuncia e me mostra o que vem de dentro como fogo que queima mas sem consumir. Sempre aceso. Ele está iluminando minha alma, meu caminho.
Quem chega perto pode se queimar, mas nao se afasta, tal como uma naja magnetizada pelo seu encantador. Às vezes, o encantamento é fulgás, fazer o que? Nem sempre correspondo aos anseios dos outros. Mas outros permanecem sempre encantados e tentam se manter aquecidos nesse fogo que lhes forneço.
Minha alma aquece e acolhe o frio e latente ser. Posso abrigar pequenos, grandes, mas jamais dou cobertura aos que buscam a exploraçao imediata sem nem ao menos dar-me chance de compartilhar o prazer e a certeza de que depois desse encontro posso dar também o conforto de sempre estar.
Caminhei para chegar aqui certa desse meu eu, inteiro, correto e pulsante de vida sem me acovardar. Tropecei. Cai. Ergui-me e caminhei pacientemente e persistentemente, conhecedora do meu destino.
Teimei. Cedi. Cumpliciei-me para ganhar tempo e terreno, mas nao me violentei, nao explorei. Nao me perdi.
Um dia achei que era um vaso colado depois de uma queda. Me desesperei por nao reconhecer-me dona de mim.
Mas o tempo foi mostrando-me como ver-me de outra forma. Pude aproveitar os cacos e fazer a colagem que melhor me conviesse.
Nasci. Criei-me. Reinventei-me.
Eis agora EU, pronta a cada ano para ser mais eu.
Sem medo de ser feliz.

40 anos da minha Rachel

Para minha irmã Rachel

Mulher de 40 anos

No princípio são flores...

Passa o primeiro mês e ainda estamos plenas de nós. Afinal, ter 40 anos nos traz a sensação de que somos mulheres feitas, maduras. Mas de repente, você está na rua ou na praia e chega um engraçadinho e se dirige a você e fala: Eu poderia falar com a senhora? Neste momento o mundo muda de cor, perdemos até o sorriso e a simpatia. Assim, é demais! E aí, já não são flores mais.

E os meses vão transcorrendo, e aí vamos percebendo o que não são mais flores. Reparamos em uma nova ruguinha ao redor dos olhos, os pesos a mais que teimam em ir embora. Corremos para academia, para a esteticista, e todos os pronto socorros. Percebemos que o que nos satisfazia antes, já não nos satisfaz mais. Sabe aquela amiga que você não gostava tanto, mas até a convidava para ir ao cinema com você? Essa não mais. E o marido? Não foi com este homem que eu me casei!

E aí então, bate uma vontade de recomeçar tudo. É claro, sem termos de passar pelos aflitivos anos da adolescência.

Superada esta fase de constatação de que estamos num período de redescoberta de nós mesmas, a menina de 40 se põe a lutar, a correr. Viramos uma loba. Quem pensa que estamos correndo para competir com os homens enganou-se. Corremos contra o tempo. Este nosso novo adversário. Corremos porque temos medo de perder o que já perdemos na adolescência: oportunidades. Deixe-me explicar: na adolescência somos cegas aos apelos que nos irá dar independência. Pensamos somente em namorar, estudar (não muito), comprar aquele “jeans” que está na moda, escrever diários, colecionar papel de cartas e outras coisas que nos faz passar horas no telefone com as amiguinhas.

Mas aos 40, minha irmã, sabemos o que queremos. Bem, assim pensamos saber. Se eu não agarrar a tal oportunidade, o que será do nosso futuro? Esta é uma dúvida que não existia antes em nós.

Passamos a ter uma necessidade premente de trilharmos nosso próprio caminho. Muito tempo já gastamos com “outros” e outras coisas. Queremos engolir o mundo, mas agora estratégicas como as lobas.

Estamos, enfim, centradas em nossas forças. Prontas para alcançarmos a nós mesmas.

E, então, passa-se um ano e chegamos aos 41. Ainda não descanse. A luta continua. Porém, já podemos “farejar” a vitória. Sentimos que ocupamos um lugarzinho no mundo. Somos Sóis!

Portanto, minha irmã, brilhe e viva os 40 plenamente! Você está na raia.

Feliz aniversário!

De sua irmã Roberta Altino Machado

Data: 26/01/2006

Ao Evandro Teixeira

Se as coisas que planejamos podem até ser surpreendentes, imagine aquelas que nos acontece sem ao menos esperarmos.
Assim foi quando conheci esse homem surpreendente, cheio de energia e muita criatividade na cabeça.Evandro se emcionou com um elogio meu ao seu trabalho e de repente ficamos amigos.Homem com um olhar profundo, mas os olhos irrequietos pelo mundo, mente aberta, corpo e alma de criança.Inteligência aguçada pela sabedoria e pelo coração. Dado à emoção.Faz a gente suspirar diante de um trabalho seu. É sua alma refletida mais do que o objeto na foto.Se temos a alma presa não podemos senti-lo e nem entendê-lo.Ele quer nos levar além do papel, que invadamos a fotografia do lugar, da pessoa, do momento.Nos transportar diante de seu trabalho é um convite persistente desse homem. Viver intensamente é uma obrigaçao quando estamos ao seu lado.Tal qual um barco a navegar à deriva, ele nos leva a viajar sem sabermos o destino. Simplesmente seguindo o seu instinto.Ele não nos deixa respirar, pois já está além de nós, aprontando outra e depois outra. Mil idéias na cabeça e já com planos para o amanhã. Feito criança ainda vibra diante do sucesso e diante do inesperado se mantém atento. Ao redor de uma mulher não a canta mas a encanta.E assim, vamos sendo envolvidos pelo brilho desse homem.Que sua estrela jamais apague para iluminar nosso amanhã.