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Ao ouvir outras pessoas sobre suas alegrias, angústias e dúvidas quis compartilhar minhas impressões sobre esses momentos que vivencio no desejo de ser útil.

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domingo, 24 de julho de 2011

Belas Artes. Atos bizarros.



Nem Fellini conseguiu que o navio não partisse. Todos nós estivemos lá dentro para deplorar o funeral não de uma expoente na arte de cantar e sim do espaço de tantas artes numa tela branca. 
Ao passar pelo finado Cine Belas Artes neste domingo, 24, vi-o abandonado, sujo, as portas cobertas por papéis, tintas e grafites e a marquise servindo de abrigo para o frio de alguns. O frio perene na alma de poucos que ousaram impedir que a "Música e Fantasia" continuassem a aquecer os corações dos "Amores Expressos" . O ambiente agora mais parece uma zona de "Apocalypse". 
Suas salas estão envoltas num véu de escuridão. Foi imposta "A Lei de Desejos" contrários aos de um povo faminto de sonhos.
Essa foi, infelizmente, "A Regra do Jogo" em que todas as cartas já estavam marcadas antes de irem para a mesa.
Se aproximarmos nossos ouvidos das portas de vidro escutaremos "Gritos e Sussurros" de pedido de socorro d'O ilusionista que acredita que o poder esteja no dinheiro que sua carteira abrigará a despeito  da  mais pura verdade de que somente a arte pode dar ao homem o poder de se elevar como ser humano e torná-lo mais rico.
http://www.clicapiaui.com/geral/44917/veja-programacao-de-filmes-do-cinema-belas-artes.html

Força centrípeta e centrífuga

A hora da despedida se aproximava. As lágrimas escondidas nas curvas de seus olhos teimavam em saltar e denunciar seu sofrimento.
Sofrimento percebido e aquietado por seu pequeno coração.
Nada podia ser feito diante dessa dor da tão pequenina criança. Era hora de voltar para sua casa depois de um fim de semana ao lado de seu pai.
Ele, triste, porém conformado já esperava no carro com o motor ligado pela necessidade de abreviar o tempo da despedida. Ela, arrumando suas coisas de pouca importância, tentava retardar sua saída. No caminho nenhum dos dois pronunciava qualquer som. As palavras não eram requisitadas. Tudo já tinha sido dito. No centro de tantas forças da alma surgiu um momento de inércia. Ambos parados em frente à casa dela num acolhedor e profundo abraço permaneceram assim por longo tempo. Suas lágrimas agora não tinham porque se esconder. Elas denunciavam seu desespero e o inevitável. Já estava em casa e não poderia por argumento algum retroceder. Não dependia dela a sua vontade ser satisfeita. 
Seu pai beijava ternamente sua cabeça e alisava seus cabelos incitando uma força contrária que a traria para mais perto de si.
Ele a viu afastar-se cabisbaixa e firme. Sozinho entregou-se à própria dor. Uma dor repetida semanalmente.
A dor da despedida do encontro por um breve tempo com o pedacinho que faltava em seu coração.



domingo, 17 de julho de 2011

Comer, beber e palavrear

(Encontro dos jornaliristas na Vila Madalena - 16/07/11)
Novamente falo de encontros de conhecimento, ideias e pessoas afins. Elementos que bem combinados num espaço qualquer sob um luar de emoção se tornam momentos únicos.
Nem o futebol na grande tela nos calou. As palavras não se perderam em meio aos olhares hipnotizados por uns tantos pares de pernas correndo atrás de uma esfera alheia  à sua trajetória.
Propostas de realização de nossos desejos postas à mesa , os astros foram evocados para influenciarem o desenrolar das intenções. Shellah os distinguia e os interpretava nas entrelinhas de cada um de nossos destinos. Guilherme construía pontes para facilitar a travessia do indivíduo para o público e Silvio moldava as palavras transformando-as em poesias.
Novos talentos assomaram revelando a pureza e a sabedoria. Esta, não um fruto do envelhecimento das ideias e experiências, mas o sinal de uma existência criativa e sensível dos olhares jovens para um velho mundo.
Falamos de panelas e de almas simples que transformam matérias primas em alimentos para corpos carentes de aconchego.
Emocionamo-nos com a realização de sonhos acalentados no íntimo ao ser exibido em público. Seríamos os próximos a nos ver nos lábios de alguém?
Presenciamos uma amizade comprovada e fiel à infância.
Brindamos ao prazer de existirmos e compartilharmos esse momento.
O tempo num breve virar da ampulheta se extinguia. Já era hora de despedirmo-nos. O coração e mente alimentados no banquete das palavras nos inspiraria a novos contos, poemas e crônicas. Prometemos não demorar a nos rever.
Agora, o lápis ou as teclas se encarregarão de transformar as emoções deste encontro em composições textuais a serem lidas por futuros membros e amigos que por ventura se juntarem a nós em uma próxima vez.
Foram poucos agora. Mas como profetizou Guilherme: Ainda cobriremos o caminho da Vila Madá ao Pacaembu.
E de mãos dadas, Guilherme. Anote aí!