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Ao ouvir outras pessoas sobre suas alegrias, angústias e dúvidas quis compartilhar minhas impressões sobre esses momentos que vivencio no desejo de ser útil.

Ao lê-las, comente-as. Deixe sua ideia, sua impressão.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Os encontros de cada dia

Eu, Guilherme, Shellah e Lucas
Algumas vezes a vida nos faz isso. Em meio a um caminho sinuoso e de difícil trajeto a gente encontra amigos de outras eras ou até mesmo de outras vidas.
Esse sábado foi especial! Depois de alguns meses, após um contato semanal em 2010, finalmente reencontramo-nos. Conversa vai, conversa vem, falamos de nossas insatisfações sobre o que cada um sente. Mas os sonhos e ideias estavam lá presentes. Não hão de ser essas frustrações que irão paralizar-nos diante de tantas oportunidades. Mesmo porque temos no grupo uma pessoa especial que chega para nós de forma "inusitada" e como se estivesse numa louca viagem nos convida pra "pegar carona numa cauda de cometa". Shellah é um ser humano único. Fogo nas ventas, mas para o bem sempre. Projetos diferentes e muitos projetos. Todos para serem construídos juntos.
Lucas, firme e consistente. Está junto para o que der e vier. Ele inspira confiança em qualquer desconhecido. E é cheio de graça. O convite é: vamos clicar por aí e entrar de alma na fotografia. Guilherme, embora não ande bem das pernas, ou melhor, do joelho, deu o ponta pé inicial à formação desse grupo. Está ali para dividir, somar, enfim, agregar todos os talentos. É só deixar com a Shellah que ela cataliza todos de forma bem diferente do que imaginamos. Camila não pôde estar presente, mas pensamos nela em sua maturidade com uma cabecinha tão nova e tão cheia de histórias e certezas. Te vemos na próxima,Camila.
Eu levei meu coração e a cabeça a esse encontro porque estava entre amigos e irmãos. Vamos abrir frentes. Romper meios e modos de fazer algo.
Vamos trilhar o caminho das palavras. Desconstruí-las e reconstruí-las com o jeitinho de cada um.

Local: The Joy
Turma do curso de Jornalismo e literatura

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

As escolhas que fazemos por nós

Eu sempre acreditei que mesmo pelo fato de termos uma família autoritária e castradora não era impecilho para fazermos nossas próprias escolhas. Ao ler o artigo da revista Vida Simples sobre o Peso das escolhas, onde mencionam Jean-Paul Sartre, voltei ao passado, quando ainda era praticamente uma pessoinha entrando na adolescência, e me encantei pela frase de Sartre: "não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz do que a vida fez de você". Eu a escrevi em um pedaço de papel e a preguei na cabeceira de minha cama. A partir desse momento eu não poderia mais me iludir. Ou eu fazia algo verdadeiro por mim ou seria mais uma naquela família a seguir padrões com os quais não concordava. E todo processo de escolhas parte dessa tomada de consciência sobre quem você é. Ou seja, você não é extensão de ninguém. Você está com as pessoas e deve ser simplesmente você.
Passados alguns bons anos, uns 34, sinto o peso delas sobre mim. Todos os dias eu faço uma reflexão sobre as minhas escolhas. Em que foram embasadas? Foi uma reação às escolhas de outros? Aonde cheguei foi realmente fruto de minhas escolhas?
Crise instalada e bem vinda. A crise é geradora de vida e mudança. Meus questionamentos não são diferentes dos de outras pessoas. Os problemas podem ser diferentes, mas as questões, todo ser humano anda às voltas com elas. O que precisamos entender quais são os valores que permeiam nossas escolhas e sermos o máximo coerentes possível nas nossas atitudes. 
Entender as crises e se encontrar nelas é a peça fundamental nesse quebra-cabeças que é a vida.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pessoas do meu tempo e de outros tempos

Andei visitando o passado rapidamente esses dias.

Lembrei-me de pessoas muito queridas e que tiveram uma importância enorme em minha vida. Foram pessoas que com seu conhecimento sólido e genuíno à cerca da vida foram me ajudando a construir o meu mundo.

Peça por peça foi se encaixando em minha sede de saber para poder viver o mais dignamente possível na vida. Foram vacinas para os dias de adversidades e desânimo que por ventura pudessem ocorrer.

E claro que ocorreram. Mas as palavras e exemplos de vida dessas pessoas permaneceram em minha memória. Mais do que palavras e exemplos foi o respeito e amor com que dedicaram à minha infância.

Cedo quis romper com as incertezas do ambiente em que vivia por não acreditar e não achar o suficiente o que me era passado. Essas pessoas foram importantes com seus pontos de vista e valores ao despertarem em mim a reflexão sobre o que eu buscava na vida.

Aqui deixo registrado o que cada uma me proporcionou, embora não precisasse, pois guardo em meu coração o rosto e a gratidão por cada uma.

Minha vó Aracy e Filinha, avó materna e tia-avó, me respeitaram como criança, trataram-me com incansável dedicação. Jamais ouvi um não de suas bocas. Jamais um desagrado em estarem comigo. Inventaram brincadeiras para distrairem-me, construiram pipas que rasgavam os céus e fizeram todos os mimos possíveis. Desde o delicioso cafuné por horas a fio ao prato mais gostoso do mundo: bife com banana da terra frita, arroz e feijão. Ensinaram-me a doação incondicional. Muito dessa dedicação transportei para os cuidados com meus filhos.

Minha avó Aurita, mulher à frente de seu tempo, ensinou-me a palavra escrita. Hoje tento trilhar esse caminho por ela percorrido. Jornalista, cronista, 11 filhos, tinha o seu próprio espaço, um escritório recheado de livros que eu devorava, quietinha, deitada no sofá, enquanto ela trabalhava no birô.

Minha prima Lúcia. Lúcia é prima de segundo grau por parte de minha mãe. Lúcia foi e é minha irmã querida. A afinidade é tanta que nossa relação passa por todos os elos de ligação. Mãe, prima, irmã. Sempre presente em vida e em sonho. Seu coração pressente algum acontecimento, triste ou feliz em minha vida. Estamos ligadas pelo coração. Ensinou declamar poesia, a ler muitos e muitos livros e a entender a difícil fase da adolescência. Mas o que mais marcou-me foi o fato dela me incentivar a brincar comigo mesma. Em meus aniversários ela sempre criava uma brincadeira, fosse me fantasiando com um laço de fita na cabeça ou fazendo uma dança engraçada no meio dos convidados. E eu ia assim meio que palhaça. São as melhores recordações de minhas festinhas. E o cinema quando eu rejeitava a ideia de brincar de carnaval! Nossa sessão de cinema nessa época era garantida. Ela me consolava assim, me fazendo rir. Me chamando de Bambina.

Dona Maria do Domingos, assim a chamávamos. Seu Domingos era seu marido, eletricista da família. Dona Maria, uma senhora negra, esbelta, fina, foi criada na casa do Presidente Artur Bernardes quando criança. Ficava em nossa casa para tomar conta de mim e de meus irmãos menores quando minha mãe e pai viajavam. Dela aprendi a me comportar à mesa, a não falar nomes feios e muito menos usar gírias. Deixou sua marca me contando por horas a fio histórias sobre santos e santas católicos. Jamais foi indelicada conosco mesmo quando aprontávamos. Sabia ser dura e carinhosa ao mesmo tempo.

Irene foi nossa empregada, babá e amiga. Me lembro dela aos doze anos quando minha mãe no hospital tendo mais um filho coincidiu de eu ficar "mocinha". Menstruei e como minha mãe não se encontrava lá estava Irene, carinhosa, explicando-me o "fenômeno" natural da vida de uma mulher.

Claro, minha mãe querida, guerreira e muito, mas muito ela mesma. Ela ainda tem me ensinado a ser e a não ser como ela. Ela me lembra o tempo todo que pai e mãe servem de exemplos tanto para as coisas negativas quanto positivas. As negativas jamais deveremos copiar e as positivas fazermos melhor ainda.

Meu pai, figura contraditória no amar ou deixar passar. Se amamos tem que ser amor sem reservas. Ele marca as nossas vidas nos ensinando que se não sabemos, inventemos, pois.

Tenho ainda em meu coração um "pai" adotado pela minha alma por direito conquistado. Tio Augusto com suas palavras enunciadas com tanto amor e sabedoria até hoje me ajuda a tecer a colcha de retalhos de minhas histórias. Ele é o meu anjo que um dia ajudou-me a  perceber-me gente. Gente de direitos e de deveres. O caminho para a liberdade.

Essas foram e são ainda as pessoas que fazem minha vida mais rica. Depois dessas são meus filhos que me ensinam todos os dias o respeito às diferenças de cada um e a entender que o amor entre mães e filhos é muito mais do que instintivo. É cultivado diariamente.

E por fim, meu marido, um homem simples e sábio. Humano e extremamente generoso. Tem sido meu companheiro de todas as horas e tem sabido ouvir meu coração. Sem palavras.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Estamos aí para mudar!

Talvez o sentimento que mais nos acomete no mês de dezembro é o de frustração por não termos realizado os nossos sonhos, nossos desejos e planos.

Eu tenho por costume planejar nos últimos dias do ano escrevendo em um papel sete coisas que quero e sete coisas que não quero mais para mim. Já faço isso há uns cinco anos. As pessoas podem pensar que é apenas um ritual vazio revestido de misticismo. A verdade é que funciona. Isso mesmo! Funciona porque em um dado momento da minha vida paro para olhar dentro de mim, para o meu redor, onde percebo como me relaciono com as pessoas, com meu trabalho. Enfim, com todas as questões difíceis de serem lidadas por mim. Não são sonhos desconectados da minha trajetória e impossíveis de serem alcançados. Fazem parte de um planejamento e de necessidades percebidas ao longo do ano.

Elejo o que posso mudar ou até mesmo ousar. Aí lanço no papel.

Acredito que quando transponho do meu pensamento as minhas resoluções para o papel já estou dando um passo para a concretização porque este é um processo de aceitação de minhas limitações e de autoconhecimento.

Por isso são apenas sete coisas do que quero e do que não quero. Não me atrevo a exigir mais da vida ou de mim mesma. Reconheço os meus limites.

Veja bem, essas são coisas que acredito serem boas para mim fruto de muita reflexão. Sempre ao final desse ritual eu digo: Meu Deus, seja feita a Sua vontade! Com certeza a sabedoria divina é melhor que a minha.

Todo esse ritual é conseqüente de um estado permanente de transformação interior; de busca pela paz de espírito e construção de uma vida digna.

Para concluir ao final do dia trinta um de dezembro eu leio em voz alta o que escrevi e queimo o papel. As palavras são como labaredas de fogo. Elas tanto podem construir relações, desejos quanto machucar pessoas ou destruir sonhos alheios. Eu as queimo para purificá-las. A pessoa deve encontrar o seu modo de formalizar suas resoluções.

Seja lá como for um novo ano vem aí e as mudanças são bem vindas.