Para minha irmã Rachel
Mulher de 40 anos
No princípio são flores...
Passa o primeiro mês e ainda estamos plenas de nós. Afinal, ter 40 anos nos traz a sensação de que somos mulheres feitas, maduras. Mas de repente, você está na rua ou na praia e chega um engraçadinho e se dirige a você e fala: Eu poderia falar com a senhora? Neste momento o mundo muda de cor, perdemos até o sorriso e a simpatia. Assim, é demais! E aí, já não são flores mais.
E os meses vão transcorrendo, e aí vamos percebendo o que não são mais flores. Reparamos em uma nova ruguinha ao redor dos olhos, os pesos a mais que teimam em ir embora. Corremos para academia, para a esteticista, e todos os pronto socorros. Percebemos que o que nos satisfazia antes, já não nos satisfaz mais. Sabe aquela amiga que você não gostava tanto, mas até a convidava para ir ao cinema com você? Essa não mais. E o marido? Não foi com este homem que eu me casei!
E aí então, bate uma vontade de recomeçar tudo. É claro, sem termos de passar pelos aflitivos anos da adolescência.
Superada esta fase de constatação de que estamos num período de redescoberta de nós mesmas, a menina de 40 se põe a lutar, a correr. Viramos uma loba. Quem pensa que estamos correndo para competir com os homens enganou-se. Corremos contra o tempo. Este nosso novo adversário. Corremos porque temos medo de perder o que já perdemos na adolescência: oportunidades. Deixe-me explicar: na adolescência somos cegas aos apelos que nos irá dar independência. Pensamos somente em namorar, estudar (não muito), comprar aquele “jeans” que está na moda, escrever diários, colecionar papel de cartas e outras coisas que nos faz passar horas no telefone com as amiguinhas.
Mas aos 40, minha irmã, sabemos o que queremos. Bem, assim pensamos saber. Se eu não agarrar a tal oportunidade, o que será do nosso futuro? Esta é uma dúvida que não existia antes em nós.
Passamos a ter uma necessidade premente de trilharmos nosso próprio caminho. Muito tempo já gastamos com “outros” e outras coisas. Queremos engolir o mundo, mas agora estratégicas como as lobas.
Estamos, enfim, centradas em nossas forças. Prontas para alcançarmos a nós mesmas.
E, então, passa-se um ano e chegamos aos 41. Ainda não descanse. A luta continua. Porém, já podemos “farejar” a vitória. Sentimos que ocupamos um lugarzinho no mundo. Somos Sóis!
Portanto, minha irmã, brilhe e viva os 40 plenamente! Você está na raia.
Feliz aniversário!
De sua irmã Roberta Altino Machado
Data: 26/01/2006
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