Decisão tomada é hora de fazer as malas. O destino é variado. Ideias na cabeça, mas também livre de qualquer programação rígida. A única programação que coube foi aprender sobre café. Curso rápido de barista e conhecimento sobre a cultura do café.
Assim iniciei minha viagem para o Espírito Santo e Rio de Janeiro. A forma para viajar foi um processo difícil, pois a dificuldade se apresentou logo ao abrir a carteira bancária. Saldo mínimo. Mas como fazer para chegar ao destino?
Criatividade e humildade, claro!
Concentração no essencial para não deixar de curtir apesar de poucos recursos. O que tirar de momentos que apenas os olhos irão vivenciar?
Ao chegar em Vitória de avião por um preço módico tive a agradável surpresa de ser convidada pela amiga de meu irmão para hospedar-me na casa dela. Uma parte da viagem já estava sendo financiada. Teria que viver essa viagem dia após dia na expectativa de conseguir esticar o dinheiro até o fim dela.
Fui para casa da nova amiga com almoço e lanche feitos em casa para economizar. Beleza! Era isso que eu esperava. E nem precisei sugerir. Ela propôs, e eu: Ai meu Deus, o senhor trabalhando para tudo dar certo!
Foram dois dias. Curso intensivo e exclusivo. Podes crer. Grátis!
Achando que iria para Linhares para onde meu irmão mora, de ônibus, ou seja gasto com passagem, tive outra surpresa, a de que ele se encontrava em Vitória e iríamos juntos no carro dele.
Ah, você meu Deus, me ajudando mais ainda.
A viagem foi tranqüila embora chovesse bastante. Demoramos um pouco para chegar. O que foi muito propício. Eu e meu irmão há muito não nos víamos e fomos colocando o assunto em dia.
Para minha felicidade o local em que ele morava simplesmente era maravilhoso. Perfeito para uma alma atormentada com o barulho e a insanidade de viver em São Paulo. Uma fazenda com um rio bem à frente da casa dele. E o silêncio imperando. O único barulho era o cantar dos pássaros e o piar das corujas.
O cheiro do mato úmido e a simplicidade me deixaram extasiada. Enfim, o descanso para meus ouvidos.
Logo de manhã, ao acordar, fui explorar o local. Quanta coisa bonita! Fui fotografando como podia. A máquina não é lá essas coisas. Mas a inspiração estava ali diante de meus olhos. Dava na vista.
Flores, frutos, pássaros...
Caminhei muito. Meditei bastante sem interrupções. Até dancei à beira do rio ao som de uma seleção especial de meu Ipod.
Foram cinco dias de muito refazimento físico e espiritual. Mas era hora de seguir viagem. Rumo ao Rio de Janeiro. Agora tinha de meter a mão no bolso. Comprei a passagem de ônibus. Adoro viajar de ônibus. Dá para ir pensando na vida enquanto a paisagem desfila ao lado de sua janela.
Primeira coisa é essa. Reservar seu lugar na janela. Não ficamos incomodados de ficar olhando para a cara do outro ao seu lado. Podemos olhar para fora ou fingirmos que estamos dormindo sem que a pessoa perceba. Mas a minha companheira de viagem não me incomodou. Às vezes comentava algo como o desempenho do motorista na estrada. Ele meio apressado arriscava a ultrapassar o veículo à frente e volta e meia tinha que frear bruscamente e retornar para a traseira em que se encontrava. Isso nos causou sobressaltos a viagem inteira. Tentei listar algumas pendências em minha vida, como se havia deixado de pedir desculpas ou desculpado alguém por um erro. Check! Pensei nos meus filhos, marido, familiares e amigos sobre algum momento em que deixei de declarar meu amor. Check! Bom, então se é a minha hora, Deus sabe o que faz. Se ele achar que já estou pronta para eu partir daqui, tudo bem. Faça sua vontade! Mas não foi essa Sua vontade. Nem a minha, é verdade. Lembrei-me que ainda tenho umas coisinhas para ajustar em minha vida e ele não iria me liberar fácil dessa vez. A viagem demorou bastante por tanta chuva.
Eu fui pensando em como economizar minha estada no Rio. Qual estratégia iria adotar. Teria que me arranjar até à casa de meu tio aonde ficaria hospedada. Ele não poderia me buscar. Portanto, como eu faria para chegar até a Lagoa Rodrigo de Freitas? Estava com duas bagagens. Pesadinhas. Conversa vai, conversa vem com a companheira de viagem, ao perguntá-la sobre como ela iria para casa, pimba! Ia para a mesma direção que eu. Copacabana. Iria pegar um ônibus, integração, na própria rodoviária, ao ladinho do nosso ônibus e por três e setenta estaríamos com a passagem do metrô paga também. Descemos na Praça Onze e pegamos o metrô. Logo, logo eu estava na estação do Cantagalo e assim meu tio pôde buscar-me por ser próximo ao seu apartamento.
Aí, não falei? Economizei além do que eu imaginava. Obrigadinha, Deus.
Cá estou eu na casa dele, podendo usufruir da localização. Perto da praia, das principais avenidas de Copacabana, Ipanema e Leblon. Lanchinho na geladeira, almoço com o tio no Leblon.
E claro, a companhia dele que é a melhor coisa do mundo.
Ainda no Rio, meu marido também rumou para essa cidade maravilhosa à trabalho. Pode com isso? Três vezes fantástico.
Ainda no Rio, meu marido também rumou para essa cidade maravilhosa à trabalho. Pode com isso? Três vezes fantástico.
Ainda preciso guardar o dinheiro para a volta. Mas eu chego lá. Na praia? Água, aguá, água. Oras, isso é o essencial para manter o corpo hidratado e o peso.
A gente se vê em São Paulo. Dura!