O que você lê aqui

Ao ouvir outras pessoas sobre suas alegrias, angústias e dúvidas quis compartilhar minhas impressões sobre esses momentos que vivencio no desejo de ser útil.

Ao lê-las, comente-as. Deixe sua ideia, sua impressão.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Braga, socorro!!!

Braga,
Vamos ver se você poderá me ajudar.
Estou aqui em minha casa na correria tanto dos afazeres domésticos quanto de trabalhos esporádicos no mundo cultural.
Já descobri que a minha válvula de escape é a arte da escrita. Brincar com as palavras é como se estivesse brincando de três marias quando criança. Cada pedrinha lançada para cima e depois pega no ar com as mãos são palavras que meu coração joga ao vento e minha mente capta para por no papel. Nesse brincar vou me recompondo, me esvaziando e, enfim, me equilibrando.
Você pode pensar, aliás, com certeza não vai pensar diferente disso, mas o ato de criar e reproduzir o que criamos é um exercício de esvaziamento como numa represa que precisamos dar vazão quando as águas atingem certo nível de represamento.
A minha saúde mental depende desse precesso todo.
E devo confessar, Braga, quando o leio, me abasteço, e aí tenho que correr para abrir as comportas da alma. Colocar todas as palavras no papel e depois...Bem, depois é seguir colhendo pedrinhas jogadas para o alto.
O problema, Braga, é que as tarefas do dia a dia vão nos engolfando, nos emaranhando de tal forma que não conseguimos nos desvencilhar logo e fazer aquilo que nos restaura a saúde mental.
Cheguei ao limite. Vou ter que abrir as comportas hoje. Me dei esse ultimato. E conto com você. Com a sua verve que tanto me inspira.
É... cada coisa em seu lugar. Inclusive o que está dentro de minha caixola. Porque à medida em que as palavras vão sendo colocadas no papel vou me sentindo mais leve e o pensamento não encontra emprecilhos para continuar fazendo suas conexões. Que às vezes podem não parecer tão inteligentes mas ventilam a circulação de ideias.
Eu costumo dizer, Braga, que sou uma de suas viúvas. Que por herança você deixou-me suas crônicas. Não sei se você foi bom marido, mas como finado marido tem sido um consolo e inspiração.
Ao receber essa carta, de onde estiver, venha em meu socorro. Transmita-me um pouco de sua poesia, pois o mundo está me deixando triste com sua pouca delicadeza no trato com as pessoas.
Depois, você pode ir se dedicar às suas outras viúvas. Não sou ciumenta. Bom, assim eu acho.

Um comentário:

  1. Ih, que tem fila para ser viúva do Rubem Braga. E na minha frente ainda tem a Shellah, haha.
    Lindo texto!
    Super beijo.

    ResponderExcluir

Comentários são bem vindos.