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terça-feira, 3 de agosto de 2010

A crise de meia idade - Ser ou fazer, eis a questão.





Parece que o mundo virou do avesso e de dentro saiu um monstro assustador. Esse monstro chamado TEMPO.
Dizem que o TEMPO bate à sua porta; o TEMPO urge; o TEMPO voa; o TEMPO não pára.
Eu digo que o TEMPO é o TEMPO em qualquer TEMPO. O que muda é a nossa capacidade de observar o TEMPO e a posição em que estamos no TEMPO.
Eu sempre gosto de usar uma metáfora, como uma boa mineira, para exemplificar os nossos sentimentos: o TREM.
Se nossa posição é a de quem está em uma estação de trem, podemos nos sentir entediados pela espera. A espera nos impacienta e nos faz reparar os detalhes à nossa volta. Junte isso ao receio de que o trem possa não chegar logo ou se chegar não estarmos prontos para embarcar. Diferente para quem está dentro do vagão em movimento, o TEMPO parece voar. O passar da paisagem visto pelo quadrado de vista parece acelerar e distrai o observador. Não há dúvida. Uma hora chegaremos a algum lugar. É só deixar o trem andar.
A crise de meia idade nos pega na estação esperando o trem. Você tem olhos para suas reações, as dos outros, as de coisas externas a você. Somos assaltados pelos sentimentos antigos mal resolvidos que voltam intensos querendo solução imediata. Não cabem mais hipocrisias, mentiras, dissimulações. O interior, o indevassável se revela.
O sentimento de que teríamos que estar com a vida mais definida, não existe. Não para alguém inquieto, curioso e persistente em sua busca pela realização. O estar pronto não existe, também. A sensação é de que vamos nos construindo com o TEMPO.
Mas apesar de toda essa contestação da tão conhecida crise de meia idade, há uma estupefação diante do que sentimos.
A verdade é que não estamos acostumados na cultura ocidental a nos posicionar como observadores dos movimentos, internos e externos, e aí confundimos este estado, a fase em que a vida nos impele a diminuir o ritmo e olharmos para nós como se estivéssemos diante de um espelho. É estranho, incômodo, individual e desarmônico. O passar de uma fase a outra em nossa vida gera dúvidas, insatisfação, desânimos, fraqueza e sentimento de solidão. Chega a causar desequilíbrio orgânico. Calores, desânimos etc.
Mas, podemos ter a surpresa de que ao despertarmos um dia, após toda essa mudança, de estarmos nos sentindo melhores, mais livres de tantas amarras criadas para atendermos às convenções da vida, e finalmente, prontos para sermos felizes. Sem a pressa, sem ansiedade. Fluindo como o próprio TEMPO. E ver que apenas foi o TEMPO que passou.

3 comentários:

  1. Muito bom, Beta!

    Parabéns e continue compartilhando suas reflexões sobre a vida e o TEMPO.

    beijos,
    Mila

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  2. Amiga, que linda reflexão, delícia de ler!
    Como é difícil realmente envelhecer... woody Allen disse: “Você pode viver cem anos se desistir de todas as coisas que o fazem querer viver até os cem anos.” Profundíssimo!
    A droga é esse frio que dá na barriga quando chegamos no topo e percebemos que agora a nossa única alternativa é descer-, ou escalando, ou rolando, ou de skibunda, seja lá como for, teremos que descer!
    Amiga linda, desejo a sua felicidade HOJE, tenho aprendido e procurado exercitar algo que, logicamente, todos nos sabemos - o único TEMPO que realmente nos é concedido viver é o PRESENTE!
    O PASSADO já se foi e o FUTURO, ah esse "mocinho" somente a DEUS pertence!
    Bjsss muitos

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  3. Nosssa amiga...muito boa sua reflexão viu! Saudades!

    bjos

    Kika

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