Foto: Eduardo Dias Gontijo |
_ Como você se chama?
_ Samuel.
_ Quantos anos você tem, Samuel?
_ 10, dona.
_ Como você gosta de brincar?
_ Tomando conta de carros e pedindo uns troco por aí.
_ Você mora aonde?
_ Hummm... Em qualquer lugar.
_ Não tem família? Pai, mãe e irmãos?
_ Acho que tenho. Não sei aonde eles estão.
_ Quem cuida de você?
_ Ninguém. Sou eu e meus amigos da rua do centro.
_ E pra comer, como você faz?
_ Peço uns trocado e compro pão. Mas tem gente que me dá o resto de comida. Tem até gente que paga um sanduiche pra mim de vez em quando.
_ O que você quer ganhar de presente?
_ Uma família só pra mim e uma casa pra eu morar.
Samuel dois dias depois dessa conversa foi encontrado morto no centro da cidade. Ninguém sabia seu nome. Ele nunca existiu para outras pessoas além de mim e de seus companheiros de rua.
Tinha o céu para cobrir-lhe na escuridão e as ruas por trilhas de aventuras diárias. Alimentava-se de pequenos gestos de solidariedade e às vezes de descartes. Não tinha família e cedo aprendeu a viver em solidão e desamparo.
Seu rostinho conhecia apenas o medo estampado nas faces dos pedestres assustados e temerosos pela aproximação dos "pivetes".
Como ele, tantos outros meninos andam conosco nas mesmas ruas em que andamos.
Rostinhos tristes e mal nutridos a espera de uma casa para os acolher.
Uma triste realidade! Beijos, amiga.
ResponderExcluirCotinha minha querida amiga-irmã,
ResponderExcluireu acredito que a vida seja como uma poesia, nem sempre feliz, nem sempre triste, nem sempre cheia, nem sempre vazia...quantos Samuel[s] a vida nos apresenta? Filhos dessa grandiosa poesia que é existir. Lindo texto!
Um beijãoooo