Ei! Psiu! Fiu, fiu!
Finge que não ouviu.
Ei! Psiu! Fiu, fiu!!
Segue empinada. Segue em frente.
Pega um tijolo, põe argamassa.
Trabalha a massa.
Músculos saltados, macacões suados.
Só não perderam o olhar certeiro.
E lá vem a moça passando pela calçada.
Fiu, fiu!
Não é comigo!
Ela lança uma rápida olhada e se vira rapidamente. Continua andando empertigada. Fingindo que não é com ela.
- Rapaaaz! Olha só que piteu!
- Ela pode ser até bonitinha, mas prefiro coroa.
Um sorriso disfarçado. Satisfação e prazer.
Todo trabalho é digno. Mas convenhamos, canteiro de obra é tão cheio de dignidade que faz muito bem a uma mulher.
Ao chegar em casa, a moça só pensa nos elogios. E chega quase a se convencer deles, mesmo acreditando não fazer jus a eles.
Afinal, aos quarenta e quatro anos foi preterida por um e mesmo não se considerando bonita foi preferida por outro.
Adeus, terapias. Adeus, botox. O que faz bem, mesmo, pra cabeça e pra pele é peão de obra.
Você remoça pelo menos uns cinco anos. E tudo isso aos cuidados de especialistas. Em mulheres, é claro.
Atenção, todas vocês! Antes de saírem de casa, procurem passar por uma construção. Lá é que tem homem de boa pegada e com boa cantada.
Deem-se uma chance de ouvir a quem, de verdade, entende de botar a mão na massa.
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