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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Papo de mulher não tem espaço para homem

Papo de mulher não tem espaço para homem, mesmo. 
Tenho ido à fisioterapia há uns quinze dias, pela manhã.
O fato de estar confinada em uma sala por quarenta minutos com fios presos ao meu ombro direito não tira o prazer de ouvir outras mulheres como eu tentando calar suas dores. Apenas suas dores. A boca continua falante e criativa. Às vezes ouço alguma gargalhada masculina.
Preferi me colocar como ouvinte apenas. Há muito ando disposta a ouvir mais do que falar. Aliás, essa foi a decisão mais sábia que tomei no início do ano.
Mas voltando ao papo de mulheres, nada mais engraçado e surrealista que os assuntos. Os sapatos são a preferência, em seguida os afazeres domésticos. Poucas se manifestam quanto à sua profissão. Outro dia, uma contava que recentemente havia ganhado sete pares de sapato e que assim mesmo comprou mais dois. Não pôde resistir a essa paixão. Todas ouviram caladas essa manifestação de exagero, mas duvido que também não tivessem algo a confessar sobre sapatos. Todos sabemos que mulheres são taradas por sapatos.
Quanto aos afazeres domésticos, aí inclui filhos e cachorros, elas começam por uma listagem do que deveriam fazer mas não tem tempo. Reclamam do pouco tempo e quando pensam que estão livres pela chegada da maturidade, chegam netos, noras e genros e os rituais de cuidados são retomados.
Todas querem falar ao mesmo tempo do seu mundo. Como se fossem diferentes umas das outras.
Todas nós queremos ter um minuto de fama entre as outras. Com isso elas costumam falar ao mesmo tempo, cometendo esse pequeno deslize na etiqueta. Perdoável, com certeza.
De vez em quando aparece algum homem neste reduto, quase que exclusivamente feminino, e tenta participar pelo menos com algum comentário em detrimento de seu próprio universo masculino.
O máximo que se permite é fazer uma pergunta e nem assim vem acompanhada de réplica.
Por que será que eles se intimidam tanto em se manifestar? Será por medo ou por desconhecimento do assunto?
Não vou esquecer da próxima vez de perguntar a um deles o que pensam e o que sentem nesse ambiente.
O certo é que o tratamento ao invés de ser doloroso é prazeroso, cheio de alegria e leveza.
A dor? Pode vir, pois em algum lugar terá um grupo de mulheres que irá operar a cura pelo papo. 

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