Hoje saí de ônibus de casa. O que era constante há um ano atrás, depois se tornou raro e agora nos últimos dias está frequente.
Saí um pouco mais cedo para dar tempo de chegar na hora ao meu destino.
Fui para a parada de ônibus perto de minha casa e aproveitei para reparar nas pessoas que também o aguardavam chegar.
Algumas conversavam entre si contando as suas dificuldades com o transporte coletivo. As mulheres conversam mais. Os homens aproveitam para ficar ouvindo e no máximo complementam com alguma informação.
O ônibus chegou. Pegamos o caminho passando pela Pedroso até entrar na Teodoro Sampaio. Devido ao grande fluxo de carros e ônibus nessa rua, o trajeto é feito de forma mais demorada. Por isso, sempre escolho sentar em um banco próximo a uma janela. Assim, vou me distraindo com a paisagem. Bom, paisagem urbana, não é mesmo?
O trânsito parecia calmo. Mas em São Paulo, calmaria no trânsito não quer dizer ruas vazias. Apenas é menos cheio de carro que outros dias. A Teodoro Sampaio, por sinal, é uma rua, para quem não a conhece, de muito movimento e de bastante comércio de móveis e instrumentos musicais. Mas no seu final tem também algumas lojas populares de vestuário.
É interessante ver como as pessoas se aglomeram em uma calçada estreita e ainda param para verem vitrines sem se incomodar se estão atrapalhando o fluxo de outros pelo caminho. Elas se esbarram e fica por isso mesmo. Vejo também algumas pessoas que conversam entre si no meio do passeio sem se importar com quem vem andando. Não poderiam ir mais para o cantinho?
É uma bagunça só. Continuo olhando tudo pela minha janela. Mas eis que me chama a atenção algumas fachadas de lojas pelas suas cores exuberantes. Cores que vem quebrar a mesmice do concreto, da tinta desbotada.
Cores que me remetem aos meus tempos de criança, à imagem de um lindo quadro pós-modernista com várias cores na tela.
E assim me deixo banhar nelas; completo essa visão com imaginação mais colorida, ainda. Chego a suspirar de prazer por tanto estímulo visual. Algumas pessoas diriam que é poluição visual. Mas para mim é vida.
Cores são vida para mim. Me estimulam a estar mais atenta, me dão coragem para prosseguir nos dias difíceis, me acalmam, me fazem dormir, me lembram de minha infância, que não só era mais colorida como costumava sonhar acordada.
Começo a fazer uma brincadeira mental. Vou pintando as fachadas com cores que mais gosto. Imagino o pincel deslizando pela parede.
Vou mudando de cor conforme o ônibus vai avançando em seu trajeto.
Não me canso de imaginar.
Mas já estou chegando.
Cheguei. Desço e vou atravessar a rua. Já não vejo mais as cores. Vejo carros apressados, pessoas mal educadas e o mundo voltando a ser cinza, preto e branco.
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