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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Elixir do amor

Jandira depois de anos de casada confessou às suas amigas que jamais falara mal de seu marido, Demerval. Sempre enalteceu suas qualidades.
Mas recentemente foi acometida de uma raiva por ele. Raiva não, ódio, ela frisou. Passou a odiar seu olhar, seu cheiro, seu jeito de andar, de comer...
Se estava dirigindo, ela se lembrava de algo relacionada a ele que aumentava sua raiva. Se ia para cozinha preparar o almoço lá estava Demerval dentro da panela olhando para ela com cara de tacho.
Os momentos desagradáveis teimavam em alimentar esse sentimento por ele.
Segundo Jandira, a coisa ia de mal a pior. Mas sob controle.
Agora, Demerval, estava de férias em casa. Não poderia ser pior.
Será que não teria nem espaço para sentir sua raiva? Aliás, seu ódio?
Na verdade, ela não estava se sentindo culpada. Isso não chocou suas amigas.
Afinal, quem já não sentiu raiva, por seu companheiro? Quem um dia não desejou se livrar dele?
Mas lá estava Jandira no mesmo espaço que Demerval. O ambiente começou a pesar. Ele começou a retribuir a animosidade. E farpas e silêncios foram trocados.
Basta! Basta, você!! Gritou, Jandira. Esse era o recado. Não toque em mim! A ordem veio o mais rápido possível.
Se Demerval virava as costas ela fazia aquele sinal com o dedo médio demonstrando quanto desprezo tinha por ele.
Mas o pior ainda estava por vir; ele fez uma pequena cirurgia. E silensiosamente, ela se recusou a lhe fazer todos os mimos com os quais estava acostumada a lhe tratar. Quando ele lhe virava as costas ela pensava, lhe lançando um raio fulminante: Quero que você se... Que coisa feia, Jandira! Mas que gostoso, Jandira.
Essa guerra quente e silenciosa se arrastou por dois meses, até que um dia Jandira ficou doente. Ops!!! E agora?
Demerval ressentido com o tratamento dado pela esposa titubeou diante do que fazer. Depois de um dia se afligindo, sem com quem dividir o conflito, pois sabemos que homens não formam o clube do Bolinha para conversar assuntos domésticos, acabou cedendo ao senso do dever e pô-se a cuidar de sua esposa.
Jandira, contrariada, teve que engolir de vez sua raiva.
Esta, a cada novo gole de um xarope dado por Demerval, ia se diluindo. 
E assim, de xarope a um elixir do amor.

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