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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Programa em uma noite de primavera

Nem sempre falta de dinheiro é uma desculpa suficiente para não sair e fazer um programa cultural. 
De uns tempos pra cá tenho me empenhado, como nunca, em acessar sites de promoção ou de sorteios de ingressos. Não imaginam quantas oportunidades! Tenho descoberto promoções incríveis. E eu que fiquei bestando tanto tempo, contando dindin e ficando com a cara quadrada pela televisão. Sem muita enrolação de minha parte, atribuo ao fato de que eu mesma boicotava o meu interesse em escarafunchar a internet.
Mas isso acabou! Coloquei meus dedinhos para trabalhar no teclado e lá fui eu atrás dessas promoções. Tenho investido toda minha energia nesse processo de preenchimento de cadastro para abocanhar um ingresso. Um ingresso para um cinema ou para um espetáculo de dança e ainda podendo ser para uma peça.
Bem, ontem fui assistir com meu marido uma peça de teatro por meio desse processo todo.
Se foi interessante? Fora a surpresa de reconhecer o filho de uma amiga como ator da peça que, aliás, foi muito bem, sinceramente, NÃO. Por que será que alguns atores ou mais frequentemente atrizes acham que para colocar toda carga dramática em cena é preciso berrar? Foi isso mesmo. Duas atrizes gritavam durante a encenação. O pior que os gritos não variavam de uma situação para outra. O mesmo para a irritação, para o desespero, e até mesmo para o riso. Obviamente que a cada grito eu apertava meus olhos, pois não tinha como tapar os ouvidos. E nem tínhamos como consultar as horas para diminuir o incômodo da espera pelo final. Para piorar nós estávamos sentados na primeira fila e obviamente ficaria também indelicado esse gesto. E isso não somos.
Passada uma hora e dez minutos a peça chegou ao fim. Finalmente!
Fomos sentar em um barzinho ao lado do teatro para papearmos. O prazer da noite foi recuperado. Conversamos muito. Falamos sobre a vida, sobre o que nos impulsionava a realizarmos mais coisas, nossos sonhos; nossas dificuldades em seguirmos por determinado caminho e pelo prazer de estarmos um com o outro nessa caminhada.
Foi um sentimento reconfortante saber que não estamos sós quando nos abrimos para compartilhar com o outro nossa trajetória, nosso amadurecimento. Que apesar das dificuldades que enfrentamos, normais de toda vida, por estarmos juntos o peso parece mais leve para carregar.
Dividir e somar eis o segredo para uma boa relação. 

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